O que devemos aprender com o caso do Vini Jr

Por Rômulo Brigadeiro Motta e Beatriz Soranzzo Motta

Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior, mais conhecido como Vini Jr., é um futebolista brasileiro que atualmente joga pelo Real Madrid e pela Seleção Brasileira.

Nos últimos meses, Vini Jr. vem sofrendo ataques racistas extremamente violentos, que revelam um racismo global que banaliza ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que promovem, direta ou indiretamente, a segregação e o preconceito racial.

Mais especificamente no Brasil, o racismo é definido por lei como a prática de ofensas que atingem uma coletividade, em decorrência de raça, etnia, religião ou origem. A prática do racismo é definida pela Constituição Federal como crime inafiançável e imprescritível, ou seja, o indivíduo que a cometeu não pode ser julgado em liberdade, assim como o Estado nunca perderá o direito de puni-lo.

Por sua vez, a legislação também prevê a prática do crime de injúria racial, que ocorre quando o indivíduo ofende a dignidade e humilha determinada pessoa, na sua individualidade, utilizando, para isso, elementos de raça, etnia, religião ou origem.

E mais recentemente, foi publicada Lei que equipara a injúria racial ao racismo, de modo que a prática de ambos os crimes é passível da pena de reclusão.

Contudo, ainda que existam previsões expressas sobre a prática dos crimes de racismo e injúria racial, com sanções significativas nesse sentido (ainda que indiscutivelmente mereçam ser ampliadas), nada impede que persista o racismo histórico, que ficou enraizado no inconsciente coletivo da sociedade brasileira, decorrente do fato de que o Brasil carrega uma história de 300 anos de escravidão.

Em um plano modelo, o ideal seria que casos como o do Vini Jr. sequer tivessem ocorrido, de modo que nada mais precisássemos aprender sobre o tema.

Todavia, diante do lamentável contexto no qual ainda vivemos, se faz necessário extrair lições, entre elas: não bastam desculpas e arrependimento por parte daqueles que ofendem. É preciso uma mudança de postura social que não apenas puna severamente os culpados, mas que impeça que novas gerações repitam comportamentos que mostram que em nada aprendemos com nosso passado de violência.

Não mais há como tolerar a inércia da sociedade perante os que praticam crimes tão graves.

Como brilhantemente afirmou Martin Luther King, o que preocupa não é o grito dos maus, mas o silencia dos bons.

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